quinta-feira, 18 de junho de 2015

Só diversão #sqn

Faz pouco tempo que fui em uma nova ginecologista... Essa foi a quarta tentativa. E deu certo! Vocês precisam conhecer a médica Mônica Diniz, também da Clínica Continence que é especializada nas questões do assoalho pélvico, aqui em Recife. Gostei demais dela, foi bem curta e pragmática. Me disse que não vai se meter na reposição hormonal, já que o especialista em fertilização e minha oncologista liberaram. Apesar dos "contra", ela também concorda que o coração e os ossos precisam ser preservados, porque ainda sou muito jovem.

Fui examinada, e ela foi bastante positiva. Disse que para quem sofreu radioterapia pélvica a região está bem. Além de manter os hormônios e o lubrificante, é apenas uma questão muscular. Os músculos estão "entrevados" e precisa de exercício para voltar ao funcionamento normal. Já foi me indicando a especialista em fertilização Altina, e conhece meu cirurgião José Figueiroa Filho e Agostinho Machado (fertilização). Estou com Altina marcada, postarei aqui assim que conversar com ela.

A gineco me pediu trocentos mil exames! Inclusive mamografia. Gostei muito dela, bastante pro-ativa! Faz o meu tipo! Sem arrudeios! É pá pum! 

Odiei a mamografia... Troço chato e muito dolorido, ser mulher é um saco, falando sério! 
=(
A moça que faz o exame conversou um monte comigo... Dando conselhos, orientando, perguntando sobre o meu caso e tal... Disse que eu pedisse ao médico pra fazer antes e depois de engravidar por FIV... Pra ficar atenta... Enfim, ela deve ver muitos casos lá naquela salinha... E sabendo que faço reposição hormonal... Ficam todos preocupados. Mais uma vez o endovaginal foi extremamento doloroso, na parte que a médica tenta visualizar os ovários, mexem tanto lá dentro que sinto o útero doer dentro da pelve, o negócio é fechar os olhos e imaginar um grito silencioso... 
=(


E ainda acham que estou de "doce" quando digo que não tenho tempo...

A vida segue... Ainda tenho mil exames pra fazer, muitos que eu nunca ouvi falar, pra levar de volta à nova gineco! Pra ela poder liberar fisioterapia uroginecológica pra mim. Além disso, ela passou vários remédios, um creme interno, um externo e um remédio usado para fibromialgia, mas em uma dosagem menor, indicado para as dores da região. Os exercício que ela passou e os dilatadores forçam e eu sinto muita dor, ela também acha que não há melhora pois eu não aguento a dor que sinto, então passou um remédio para aliviar até que se consiga sucesso sobre a estenose vaginal.

Além desses, tenho vários exames de oftalmologia pra fazer por conta de já precisar de grau para perto tão nova, também estou com algo na retina que está no limite do normal, e por ter glaucoma na família... Mas, não sei quando vai ser porque 24 horas é pouco. No mais, continua tudo nos conformes. 

Até logo mais!


quarta-feira, 3 de junho de 2015

Câncer em jovens adultos -- [vomitando algumas palavras]

Sobreviver a um câncer dá uma falsa de ideia de força e superação. A gente passa a achar que é muito forte e que qualquer problema é fichinha. Você se acostuma a ser chamado de "herói". Não é. Principalmente quando se é um jovem adulto. Um jovem adulto está no limiar, ele não é muito novo e nem muito velho. Não é como uma criança, uma "máquina tinindo", que muitas vezes nem desenvolveu seu estoque reprodutor ainda... Ou um idoso, que já teve oportunidade de viver e experienciar tudo no tempo certo. Não quero com isso dizer que a vida de qualquer um deles valha mais ou que é mais pesaroso em certa faixa etária ou não. Cada caso é um caso único. O fato é que, ter força emocional pra ser tratado durante a doença como "novo" e após a doença como "velho" é bastante frustrante, doloroso, e muito difícil. Só isso, o mundo não acabou.

Por mais que eu leia, use joguinhos de celular enquanto perco horas do meu dia, duas a três vezes por semana numa clínica para fazer exames de menopausa, ou de perda óssea, ou de prevenção cardíaca, ou vários outros... É inevitável que ao menos eu pense: "Eu não deveria estar aqui.". As outras pessoas da minha idade estão trabalhando, estudando, se divertindo, da forma que escolheram. Dizem que também posso escolher. Mentira. Minha escolha é uma só: Eu tenho que aceitar. Aceitar que meu corpo lutará contra a sua própria existência, biologicamente falando, ele é uma falha. Deu um erro no sistema. Puft. E enquanto ele for rapidamente (não cronologicamente) se deteriorando, a medicina vai me oferecendo artifícios para tentar prolongá-lo da forma mais próxima do normal. Todos envelhecem, que drama. Não aos 32. Uns aos 15, sim. Sempre poderia ser pior, claro. Mas não tente, não usarei a situação de alguém para me sentir melhor com a minha. Na minha opinião é meio doentio.

Tenho muitas dificuldades para aceitar que preciso gastar os meus dias tentando preservar o meu corpo pelo dobro, ou triplo de tempo. Tempo que eu deveria gastar apenas daqui a 20 anos. Tudo fica mais difícil, mais lento. What's the point? Durante a quimioterapia e a radio era mais fácil perceber que é só um: felicidade. E mesmo naqueles dias ela vinha, de 15 em 15 dias. Era a alternância entre o sentimento de morte e todas as outras coisas ruins e ter 29 anos novamente.

Deixei de achar "bonitinho" a piedade dos médicos em querer me poupar, porque só tenho 30 anos. Que nunca passou isso ou aquilo para alguém mais novo que 36. Eu tenho que esperar os 36, mesmo que eu tenha 32 e precise como se tivesse 40. De novo. Isso não consegue pairar calmamente na minha cabeça.

Tenho plena consciência da quantidade de pessoas que sofrem muito mais que eu com problemas da mesma origem, embora sejam poucos, inclusive eu me sinto feliz quando consigo encontrá-los. Não é felicidade pela desgraça alheia. É um sentimento único, por que eu sei que essa pessoa não vai me dizer: "você é jovem, é exagero seu, eu aqui ó, cheio de dor nas costas... vivi muito". Ela não me vê só por fora. Ela entende o que tem por dentro, por que está passando por isso também. 

Eu tento procurar o lado racional, um objetivo pra evitar  o "desmoronamento" antes do tempo. Agradecer por "estar viva", agradecer por que "poderia ser pior" não faz meu tipo. Infelizmente, eu quero mais. Talvez sofra por isso, a vida inteira. Sofro por que não aceito o que meu corpo vem fazendo comigo. E estamos sozinhos.  Me sinto, na maioria das vezes, deslocada. Esses dias eu estava pensando que talvez fizesse bem procurar algum grupo de idosas e começar a interagir com elas sobre menopausa, sexo na terceira idade, retina, exames de glaucoma, densitometrias, insuficiência de vitamina D, alimentação saudável, etc. com certeza teremos muitos assuntos para conversar...



Por fim, o tempo me leva a concluir que talvez a felicidade "reservada" ou "permitida" para mim não seja o usual das pessoas da minha idade: um emprego, um filho, uma conquista profissional ou pessoal. Talvez, minha conquista seja no máximo o que eu sinto quando como uma paleta mexicana recheada de doce de leite. Mas, calma, nem por isso ela é menor, ou insignificante, preciso apenas me acostumar a ela, porque não posso deixar passar a possibilidade de que até o fim dos meus dias ela seja a única e eu a tenha deixado passar. 

Por favor, aceitem a metáfora.